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 Miranda III

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ptksimas

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MensagemAssunto: Miranda III   Miranda III EmptySáb Mar 02, 2019 12:29 pm

Bem galera, faz tempo que postei sobre meu primeiro projeto em madeira. Era uma trike que fiz uns 9 anos atrás, a Miranda.
Parti para uma segunda experiência, já em 2 rodas, a MirandaII (a bike preta nas fotos). Essa era basicamente feita com compensado naval e cola branca. Gostei muito da bike. Mas ainda não estava no ponto. O quadro não era tão rígido quanto eu desejava e ainda não tinha o visual que eu buscava.

Em 2016 comecei a MirandaIII. Essa foi muito mais bem produzida. Laminei todas as partes com marfim e resina epóxi e um pouco de fibra de vidro em partes estratégicas. Como num bom shape de skate a madeira é flexível mas não racha, lasca ou quebra. Isso porque usei folhas de madeira de menos de 1mm de expessura. Isso permiu uma rigidez variável (entre 7 e 20 camadas entrelaçadas) e resistência muito superior. O miolo do quadro é relativamente oco e feito de cedro rosa. Eu ainda tinha receio de que ele ficasse muito flexível como na MirandaII e pequei pelo excesso. Em algumas imagens (a última), onde a madeira está mais clara, ainda não havia protegido a última camada com resina. Pensei em usar verniz marítimo, mas acabei optando pela resina epóxi mesmo. Antes disso a camada externa da madeira quando pegava água dava uma manchada. Foi vacilo meu pois quando resinei mais de dois anos depois o quadro ela já não tinha o mesmo aspecto de quando a bike tinha sido feita. Na verdade eu tinha esperança de fazer um aplique com ilustrações ou mesmo uma logo que tenho criado pra bike, mas depois desisti. Agora a bike está virtualmente indestrutível, a prova dágua e maresia. Pelo menos a parte de madeira. Todas são guardadas no "tempo" e até agora as de resina se mostraram muito resistentes. O alumínio pintado do guidom e a borracha do assento são os que mais sofrem enquanto o quadro não dá sinais de desgaste.

Para simplificar a mecânica e a fixação dos freios traseiros uso cubos shimano nexus 8v com freios. Muito eficientes e de baixíssima manutenção. Não comprei (e depois me arrependi) o pedivela do kit shimano. O meu é pesado e com coroas inúteis. Os aros são de uma antiga Monark de mais de 20 anos atrás. O garfo comecei com um genérico e depois substituí por um de Caloi. O encaixe para a caixa de direção no quadro fiz com um tubo fino de aço inox, que cortei de um ombrelone e fixei com fibra. Ele incrivelmente tinha o diâmetro interno exato. Ficou extremamente resistente e, por ser inox, não me preocupo com corrosão no quadro. Claro que em uma situação de escala seria substituído por uma peça usinada, assim como a fixação das rodas traseiras, onde as gancheiras foram feitas apenas cortando encaixes na madeira e fixando as rodas com "roelas maiores". Funciona há dois anos.

O entre-eixos é o mesmo de uma Tito aro 700, um pouco maior que uma aro 26 convencional. Deixa ela menos ágil em curvas fechadas mas se ajusta melhor a minha altura (1,90m) e ao tipo de rodar que aprecio (estrada e ciclovia).

O encosto, que era um problema na Miranda I e II por conta da transferência de impacto da roda traseira nas costas, fiz como um shape leve de skate, com mais uma lâmina de suporte que funciona como uma mola. Em situações normais é firme. Em caso de impacto ele suaviza o ricochete nas costas. A borracha do encosto é a mesma usada em tatames finos. Pretendo usar mais de uma camada (perfurada para aliviar o peso) no assento para aumentar o conforto em longas caminhadas.

A maior dificuldade foi encontrar o guidom correto e envolveu também adquirir uma mesa que pudesse elevá-lo ao ajuste ideal para meus joelhos.

A distância do pedal para a roda dianteira não permite que eu faça curvas extremamente fechadas sem esbarrar o calcanhar, mas isso é algo raro e que acredito outros modelos de reclinadas também apresentem. Na MirandaII esse problema era mais acentuado.

Ano passado fiz um modelo aro 20x24" que não é tão elegante, rápida e agradável quanto a Miranda III (até porque ainda está sem marchas e sem freio traseiro) mas que resolveu esse problema do pedal. Nela também deixei o quadro muito mais oco, usando um pouco melhor a laminação e menos epoxi sem sacrificar a resistência. Ainda não a pesei mas ela é extremamente leve, muito mais que as duas anteriores. De qualquer maneira a resistência da madeira sempre me surpreende. Meu peso gira entre 86 e 90kg e as 4 bikes se mostraram seguras e sem quebras. Qualquer dia posto fotos da Miranda IV aqui. Ela ainda não está pronta.

A Miranda II pesava algo como 18kg. Lembrando que o garfo é de aço e com suspensão, e eu uso cubo com marchas internas e um pedivela mais pesado que o necessário (não preciso de 3 velocidades).
Com a mesma mecânica e com apenas um garfo simples a MirandaIII está com uns 15kg. Não é muito menos visto que tirei o garfo com suspensão mas a diferença no pedalar e a qualidade da bike são muito superiores. Minha altura também implica em um quadro maior, correntes maiores etc.

Penso em montar um sistema de produção por encomenda, personalizado. A bike é sob medida, com apenas ajustes no guidom e sem maiores opções do que aproximar ou afastar o banco (que envolve furar o quadro e aparafusar o banco mais pra frente ou para trás). Isso pode ser um problema para muitos que querem ajustar rapidamente a bike, mas para mim, que moro no Rio de Janeiro, é a garantia de tranquilidade e segurança, ainda mais por se tratar de uma reclinada.

Atualmente a bike deve estar com uns 2000 km rodados. Já pedalei 80km num dia sem problemas ou dores no corpo (sou ciclista muito mais ocasional do que gostaria). O rodar é macio e super silencioso. É perfeita em pista ou ciclovia. Por ser aro 26 a entrada é alta, mas permite a troca das rodas para baixar o quadro. Uma vez na bike o assento é mais baixo que uma bike convencional, mas é uma hi-racer e dá muita segurança e visibilidade no rodar.

A Miranda I e II foram "canibalizadas" doando peças para as seguintes ou simplesmente descartadas por falta de espaço.

A foto mais recente é a na pedra, depois de pegar chuva areia e sal, pouco antes de eu entrar violentamente com a roda dianteira num buraco gigante (já no asfalto) que parecia ser somente uma poça e amassar meu aro de mais de 20 anos. Por sorte o pneu não esvaziou pois eu estava a mais de 15 km de casa... O resto da bike permaneceu intacto. Mais um teste que ela passou com louvor. Wink

Abaixo as imagens da Miranda II e da III para mostrar a evolução.

Inté
Patrick Simas
RJ

MirandaII
Miranda III Img_2010
Miranda III Img_2011
Miranda III Img_2012
Miranda III Img_2015
Miranda III Img_2016

MirandaIII
Miranda III Img_2017
Miranda III Img_2018
Miranda III Img-2010
Miranda III Img_2019
Miranda III Img-2011
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Mordaz

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MensagemAssunto: Re: Miranda III   Miranda III EmptySáb Mar 02, 2019 8:38 pm

Admirável o seu trabalho! Parabéns!
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Alfredo Padrao




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MensagemAssunto: Re: Miranda III   Miranda III EmptyQua Mar 06, 2019 11:26 am

Muito bonita sua reclinada!

A parte de baixo do quadro é aberta?
Sobre a regulagem do banco. Seria possível usar trilho de alumínio com manipulo para que o banco pudesse correr e ajustar?

Parabéns!

Abraços,
Alfredo
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ptksimas

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MensagemAssunto: Re: Miranda III   Miranda III EmptyQua Mar 06, 2019 2:59 pm

O quadro tem um "miolo" (a parte preta que vai dos pedais à base do banco) em cedro rosa (leve e forte) reforçado e perfurado lateralmente para aliviar o peso. A fixação do pedivela eu fiz usando uma mesa de alumínio para Guidão, daquelas que usam 4 parafusos sextavados, que foi encaixado na madeira, aparafusado e recoberto com fibra, madeira e epóxi. Muito resistente. É mais fácil colocar e retirar o pedivela ou mesmo ajustá-lo. Parte da seção imediatamente atrás do banco é oca também com o mesmo objetivo. A parte traseira, que forma os braços do suporte da roda traseira, são maciços e laminados. Precisavam ser fortes pois não triangulam com o banco e porque no lado direito eu escavei um canal para passar a corrente. Admito que aqui resolvi pecar pelo excesso.

Como comentei, a bike anterior era muito flexível e, como sou alto, o quadro é bem longo. A geometria e a direção das fibras na laminação foram decisivas na rigidez do quadro. Então daria sim para colocar um trilho, mas acho que acrescentaria peso e uma certa fragilidade, já que todo o peso e alavanca ficariam sob ele. O banco não tem um um suporte que vá do encosto à roda traseira, como é comum nessas bikes, por conta do sistema de amortecimento que coloquei e que serve justamente para evitar esse reflexo da roda nas costas. O banco é fixado por dois parafusos. No quadro fiz 4 furos, de maneira a ter duas opções de posição. Para outros ajustes seriam feitos outros furos. O importante é que o banco é flexível mas está firmemente fixo no quadro.

Na Miranda IV, que ainda está em processo de acabamento e compra de peças, fiz um banco ajustável, com trilho. Ficou muito flexível. Penso em retroceder e usar o mesmo sistema de parafusos da Miranda III. Acho que para ter uma boa rigidez eu teria que usinar peças em aço ou mesma em alumínio, mais específicas. Não sei se é o caso. Acho que como o restante da bike é sem grandes regulagens o interessante mesmo é um esquema sobe medida para cada ciclista. Otimiza o peso e permite um ajuste mais preciso.

Abs
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Alfredo Padrao




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MensagemAssunto: Re: Miranda III   Miranda III EmptyQua Mar 06, 2019 8:50 pm

Obrigado pela atenção!

Mais uma pergunta: As folhas de madeiras foram curvada na "pressão ou vapor"?

Estou colhendo informações para fazer uma bike chopper, curvando madeira no vapor. Pretendo usar resina epoxi intercalada com fibra de vidro.

Abraços,
Alfredo
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ptksimas

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MensagemAssunto: Re: Miranda III   Miranda III EmptyQua Mar 06, 2019 11:26 pm

As folhas de madeira são extremamente finas e não foi preciso vapor. Fiz um molde em isopor e polipropileno e utilizei pressão apenas para expulsar o excesso de resina. Na Miranda IV aperfeiçoei o processo para poder utilizar menos camadas e resina apenas ajustando o sentido das fibras e projetando melhor o sistema de pressão. Isso reduziu o peso consideravelmente. Cheguei a testar a moldagem a vapor e fiz até uma estufa (basicamente um tubo grande ligado por uma mangueira numa panela de pressão adaptada) para essa bike. Achei bem complicado. Para cada 1cm de espessura da madeira havia um tempo que o material deveria estar no vapor e depois de retirado do molde havia um retorno parcial ao formato original que era difícil de prever. Acho que é um processo que necessita de mais recursos técnicos do que eu dispunha, então voltei para a laminação.

As folhas de madeira natural não precisam de muita fibra se bem coladas. Escolha madeiras com fibras longas e intercale os sentidos pensando nas tensões que o quadro vai sofrer. Como era minha segunda reclinada de madeira e eu também montei um modelo menor em papel cartão eu tinha uma boa noção de onde a bike tinha que ser mais dura ou flexível. Seguindo a indicação de um fabricante informal de shape de skates eu utilizei marfim. Mas simplifiquei o processo dele, que usava moldes de cimento, macacos hidráulicos etc. Também aprendi algumas manhas da resina epóxi. Ela tem uma proporção padrão, algo como 1/3 do volume do endurecedor em relação à base da resina. Mas alterando um pouquinho essa proporção você consegue algumas propriedades como maior ou menor elasticidade. Isso pode ser útil. Mas no fim a geometria vai fazer mais efeito que a fibra ou a resina em si.

Também utilizei um miolo de madeira, como me referi, cedro rosa. Poderia até mesmo ser de pinus para o centro do quadro e eucalipto para o segmento do guidom até os pedais, onde o quadro é mais suscetível à torção por ser mais fino. Esse miolo reduz a torção e dá preenchimento entre as laterais laminadas. Pense numa espada japonesa em que uma camada é responsável pela rigidez e a outra pela elasticidade. A combinação torna o quadro extremamente resistente. Esse miolo pode ser perfurado com serra copo para aliviar o peso e depois revestido com uma ou duas camadas de tecido de fibra e resina epóxi para evitar rachaduras. O que dará a estrutura sua rigidez é a boa adesão desse miolo às lâminas de madeira laterais. Essa selagem deve ser perfeita, alguns pinos de.madeira também podem ser aplicados em pontos onde o miolo não pode rachar longituginalmente, como próximo à caixa de direção.

A fibra que usei foi tecido de fibra de vidro, bidirecional, 200g. Faz menos sujeira que a manta, é mais fácil de controlar a quantidade de resina aplicada e pode ser aplicado facilmente para reforçar os pontos de encaixe de peças metálicas no quadro. Quanto mais fibra mais rígido fica o laminado, mas proporcionalmente, acho a madeira mais interessante que a fibra. Ela absorve melhor os choques, deixa o quadro macio e sem ruído. A fibra também precisa de mais resina, tornando-se mais pesada e quebradiça em relação a espessura que a madeira além de exigir moldes mais precisos. Lixar fibra também é horrível. A madeira é minha primeira opção. Pense na fibra apenas como um reforço. No meu caso utilizei mais fibra na mola do assento, no encaixe da caixa de direção, suporte do pedivela, encaixe das rodas traseiras e nas partes mais finas, como a ponta do encosto, onde tem um buraco que ajuda no manuseio da bike. O resto é madeira laminada e a geometria do quadro.

Sugiro que você pense nas partes metálicas com bastante antecedência. Gancheiras, suportes para freios, caixa de direção, pedivela e suas respectivas fixações. Isso influi diretamente na maneira coma a laminação será feita, para que haja firmeza adequada nos pontos de fixação.

Alguns fabricantes de bikes de madeira como a Renovo utilizam um sanduíche de madeira mais leve, com menos resina, menos camadas de madeira, escavando o interior do quadro com topias, esculpindo o exterior com extrema precisão, utilizando colas especiais e madeiras mais nobres. Esse processo, apesar de gerar um quadro muito eficiente, é lento e caro, Por isso optei pelo quadro feito de miolo maciço perfurado e laterais laminadas. É uma opção muito mais simples e barata. E eu não estou pretendendo bater nenhum recorde com ela...

Abs.
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Alfredo Padrao




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MensagemAssunto: Re: Miranda III   Miranda III EmptyQui Mar 07, 2019 9:51 pm

Obrigado mais uma vez pela atenção!

Vou tomar a liberdade de continuar a explorar sua boa vontade e conhecimento.

Quanto a madeira que você usou (marfim). Onde e como comprar? Parece que você conseguiu lâminas bem longas para o quadro.

Abraços,
Alfredo
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MensagemAssunto: Re: Miranda III   Miranda III EmptyQui Mar 07, 2019 10:11 pm

São folhas de madeira comum, usadas para revestimento e encontradas em madeireiras.

O tamanho varia, as que utilizei tinham mais de 1,80x6m e menos de 1mm de espessura. Costumam partir longituginalmente por qualquer coisa. É preciso paciência e uma boa tesoura para cortas as camadas. Mas elas podem ser facilmente emendadas, bastando a folha externa ser inteiriça por questão da estética. Aplique resina nas duas peças a serem coladas e pressão para expulsar o excesso e dar forma. A folha de madeira precisa ter o aspecto de impregnada, ou seja, ela escurece, para uma boa adesão. Muita resina e pouca pressão vai deixar seu quadro pesado. Resina de menos e ele vai desfolhar com o tempo. Estude bem onde você precisa de resistência a quebras e use mais camadas aí. A intercalação das camadas e o sentido das fibras é o que vai fazer o quadro ser firme sem ser pesado, assim como o uso correto da fibra/madeira laminada. Onde o quadro é menos exigente use a madeira maciça perfurada e com poucas lâminas e resina, para aliviar o peso. O resto, como eu disse, é questão da geometria do quadro...

Não sei se você tem experiência com resina epóxi, mas esteja atento ao tempo de curagem, utilize luvas (compre uma caixa,daquelas cirúrgicas, você vai odiar ter epoxi nas unhas por dias) e prepare muito bem a sequência que pretende seguir.

Boa sorte.

Abs
Ptk
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