Heel strike...

...ou, traduzindo, aquela esbarrada com o pé na roda dianteira de uma SWB: Vocês têm esse problema?

Estou repensando minha opção pelo formato high-racer como mais apropriado para uso geral por esse pequeno detalhe. Gosto de encarar as subidas mais absurdamente íngremes sem apear (um pouco pelo desafio e 'um muito' pelo desconforto de empurrar a bike calçando sapatilhas), mas quando a subida é realmente puxada, fica bem difícil fazer as curvas.

Com a EXD, o limite é a inclinação a partir da qual ela começa a empinar a dianteira, mas estou começando a achar que uma LWB com C.G. mais baixo seria o ideal. Algo como a Rans Xstream, apesar de não ter o potencial de ser tão leve quanto uma HR.

Oi Mordaz!!!

Todos design`s tem vantagens e desvantagens. O ideal de distribuição de peso para performance é 50% em cada roda. Na Rans-X deve ter uns 70 % na roda traseira. Uma High-racer como a Carbent distribui 50% em cada roda mas é mais sucetível a 'heel strike'. A minha reclinada atual que é no estilo da antiga Carbent deixa 60 % do peso atrás e 40 na frente sendo ela 26x20 mas por ser muito mais aerodinâmica que uma high-racer eu acho que compensa essa imperfeita distribuição de peso.

Meu próximo projeto de bike que vou fazer para mim em bambu será baseado na Hachi:

http://www.kingcycle.co.uk/hpvs/Hachi3.html

Essa distribui 50% em cada roda sendo elas grandes o que, em teoria, também ajuda na performance, hiper aero mas o choque dos pés na roda e inclusive no pédevela é crítico. Por isso vou me basear nela mas não vou fazer igual. Vou tentar deixar ela mais amigável em relação a andar na cidade mas sabendo que o forte será a estrada e provas de circuito fexado.

Sei que uma distribuição de peso 50/50 é o ideal, principalmente em curvas, mas os fatores a serem levados em consideração num projeto são tantos, que uma distribuição de peso ideal pode não ser o mais importante.

Só para dar um exemplo, a típica distribuição 70/30 das LWB tem uma vantagem: a frenagem é beeem melhor. Na high-racer é muito fácil travar e perder aderência na roda traseira, tanto quanto em uma convencional.

De fato, não existe o melhor design. O meu questionamento é quanto ao design mais apropriado para uso geral, ou seja, que se saia bem no maior número possível de situações. Na minha opinião, a high-racer é boa para praticamente tudo, excetuando subidas extremas com curvas. Gostaria de ouvir opiniões de outros usuários de high-racers, como o dono daquele clone da Performer, por exemplo.

Já a Hachi tem um problema mais grave. A interferência não é entre o calcanhar e a roda, mas entre o braço da pedivela e a roda. Um descuido e lá se vai pro chão!

Mordaz escreveu:

Já a Hachi tem um problema mais grave. A interferência não é entre o calcanhar e a roda, mas entre o braço da pedivela e a roda. Um descuido e lá se vai pro chão!

só como curiosidade (pra que não conhece), já existe uma versão um pouco mais amigável desta bicicleta,
é a "Street Hachi"

http://www.bikerevuk.com/bikepics/jd/jd1.htm

Dá para notar que o tal do Rob English prefere uma posição bem "fechada" (banco não muito deitado e pedivela alta).

Outro modelo, ainda mais "palatável":

Artur, como é essa questão na sua M5 ShockProof?

Mordaz escreveu:

Artur, como é essa questão na sua M5 ShockProof?

De fato existe a interferência existe na SP.
Eu me habituei a ela de tal maneira que nem sei dizer
se um dia isso foi um problema (não me lembro).

Mas acho que não sou parâmetro para esse tipo de coisa.

Na verdade eu me adaptei muito bem a todas as reclinadas que tive,
e com todas elas, sem exceção, fui capaz de dirigir com bastante controle,
mesmo a velocidades abaixo do que alguns odômetros conseguem marcar -
tipo assim, 2 kmh...

Vejo pessoas afirmarem que as reclinadas são necessariamente "instáveis"
a baixa velocidade, que certos modelos são ruins para controlar na subida
(não necessariamente ruins de subida, são coisas diferentes), que no trânsito
o modelo X é ótimo e o modelo Y é péssimo - o BROL está cheio disso.

Pra mim - desculpem a sinceridade - 50 % (no mínimo) desse papo todo
é o pessoal projetando suas próprias dificuldades de coordenação nas bicicletas.
Se investissem um mínimo de tempo aprimorando a habilidade,
(e menos tempo tentando encontrar a bicicleta ideal), descobririam
que quase todas as bicicletas são boas para quase tudo...

Mas, como disse antes, não levem isso muito a sério. Não sou parâmetro.

Voltando à M5:

Em subidas, mesmo muito íngremes e lentas, é raro bater o calcanhar na roda,
porque, como falei, acho perfeitamente possível controlar muito bem a bicicleta,
mesmo em baixíssima velocidade, de maneira que os movimentos de correção
que (naturalmente) faço com o guidão não são amplos o suficiente
a ponto de a interferência calcanhar/pneu ocorrer.

Quando ocorre, geralmente é em curva bem fechada, manobrando em espaço pequeno,
se por acaso esqueço de nesta situação posicionar o pé fora do caminho da roda.

Para alguém que não queira, de forma alguma, aprender a lidar com isso,
seria um péssimo negócio comprar uma bicicleta que tenha interferência.

Existem muitas reclinadas que não têm esse probleminha!

artur elias escreveu:

Se investissem um mínimo de tempo aprimorando a habilidade,
(e menos tempo tentando encontrar a bicicleta ideal), descobririam
que quase todas as bicicletas são boas para quase tudo...

Eu até que estou achando a high-racer boa para quase tudo...

artur elias escreveu:

Quando ocorre, geralmente é em curva bem fechada, manobrando em espaço pequeno,
se por acaso esqueço de nesta situação posicionar o pé fora do caminho da roda.

Você posiciona o pé fora do caminho da roda sem desencaixar? O "float" dos Frogs ajuda, então?
Estou usando uns Xpedo compatíveis com SPD, então só tenho uns 7 graus de float, e para piorar,
meus pés apontam para fora (e, conseqüentemente, os calcanhares para dentro).

Quando o Artur me emprestou a Ypê por um tempo, eu cai uma vez no início, por causa da interferência, em um retorno, mas depois acostumei, e foi tranquilo!

Citação :

Você posiciona o pé fora do caminho da roda sem desencaixar? O "float" dos Frogs ajuda, então?
Estou usando uns Xpedo compatíveis com SPD, então só tenho uns 7 graus de float

Ah, claro, isso faz muita diferença. É um dos motivos pelos quais sou fã da Speedplay.
Parece que o Fabian Cancellara tbém é hehehe.

(pra quem não conhece, é medalhista olímpico, considerado o maior contrarelogista da história do ciclismo;
menciono isso apenas porque percebo que muita gente ainda parece acreditar que só Shimano
e uma meia-dúzia de outras marcas com presença no nosso mercado prestam)

http://www.speedplay.com/

O pedal que eu uso, como você bem lembrou, é o Frog, que foi desenvolvido para MTB
mas é perfeito para reclinada de uso geral.

Os modelos de estrada tbém oferecem ampla liberdade rotacional ("float").
Vejo com freqüência esses pedais em fotos reclinadas de corrida (M5 e Bacchetta p.ex.).

O taco dos modelos de estrada, porém, não é prático para o meu uso diário.
Mas gostaria de experimentar um dia.

Outro pedal super bem-falado na comunidade reclineira é o Bebop
(o Raul tem um, é uma raridade aqui no Brasil).

Desisti de comprá-lo quando percebi que mesmo nos EUA não é fácil encontrar os tacos.
Mas ele faz tudo o que o Speedplay faz.

http://www.beboppedals.com/

Essa liberdade de girar o calcanhar sem desclipar -
ou desclipando, não faz diferença, porque não há mola nem resistência ! -
certamente ajuda na minha percepção da interferência pneu/calcanhar como algo menor.

Quase encomendei esses Bebop para experimentar, mas reconsiderei depois de ler os relatos de quem não gostou
(alguns dizem que sentem estar "pedalando no gelo"). São pessoas que não se adaptam ao float muito grande. Eu uso
meus tacos SPD "girados" porque tenho "pés de pato" e, por isso, fiquei com receio desse float muito grande me
obrigar a girar o calcanhar demasiadamente para fora para desencaixar.

É verdade que os que gostam do float parecem ser maioria, mas estou tão acostumado com o SPD que resolvi não
mudar. Optei por um Xpedo de Ti, padrão SPD, por ser mais leve que os Shimano. Só não é tão fácil de desencaixar
quanto os Shimano. Nas outras bikes, elegi o Shimano M540 como padrão.

Para finalizar, quero esclarecer que meu problema de esbarrar no pneu só ocorre em situações extremas. Ainda vou
medir a inclinação do lugar onde me atrapalhei, mas acho que chega perto de 20%. Em 99% das situaçôes, o problema
inexiste, então, estou sendo chato mesmo.