Bicicletona (cargueira estilo xtracycle)

oi pesso@s


Faz tempo que não participo deste fórum
(por motivos que podem ser discutidos oportunamente...).

Tenho um ótimo motivo para esta postagem:

finalmente consegui concluir um tutorial online -
no qual vinha trabalhando há bastante tempo -
para construção caseira de uma bicicleta de carga estilo xtracycle (= long tail = rabo longo).

Esta não é reclinada, mas tirando isso é uma maravilha ;-)

O conceito pode ser (e já foi) adaptado a reclinadas, crank forwards, e triciclos.
A Rans fabrica uma cargueira baseado no conceito (Hammertruck).

Gostaria de compartilhar meus esforços com vocês:

http://pespracima.blogspot.com/2011/09/bicicletona-passo-passo.html

Estou convencido que o conceito xtracycle - com sua mescla perfeita de eficiência e simplicidade -
trouxe uma contribuição muito significativa para o ciclismo utilitário.
É o tipo de coisa que realmente ajuda a deixar o carro na garagem.

Praticamente não existia informação sobre isso em português.


[ ] fraterno


a.


o Blogger lançou um novo lay out e estou experimentando.
Se quiserem comentar sobre isso eu agredeceria. Gostei muito do visual novo,
mas perdi algumas ferramentas (como as listas de links).

Eu achei a postagem muito legal. Como você fez a peça de alumínio em U? Foi usinada ou já existe perfis desse tipo?

Bem vindo de volta, Artur ! Vou te falar q esperava bastante por esse dia, sem falso puxa-saquismo (é puxa-saquismo verdadeiro mesmo! )! Acredito q perdemos bastante com sua ausência aqui (eu mesmo só pude acompanhar suas participações antes até de eu me inscrever e começar a postar, sendo que já há alguns meses sou leitor assíduo do vadebici e sigo suas postagens e, principalmente, os comentários - q acho q é onde está grande parte da riqueza do blog).

Pois bem, eu também vislumbro uma cargueira, acho q quem não tem uma e usa bikes pra tudo acaba transformando sua bike do dia-a-dia na coisa mais "cargueira" que consegue ser, mas sem nunca atender de fato às necessidades. Hoje mesmo saí às minhas compras dominicais, passei por três supermercados e lotei o par de alforjes, a mochila e a bolsa de guidão. Eu já faço a compra pensando no que vai caber (e já vou pensando em como caber) e quase sempre me aproximo do limite, mas se tivesse uma bike com grande capacidade de carga, esse limite poderia ser bem ampliado, e ainda poderia usar a bici com um pouco mais de "folga". Há situações extremas em q, por falta de espaço, descarrego a primeira leva de compras em casa e volto pra uma segunda. Até gosto disso, valoriza o que a gente está fazendo e vc associa o útil ao agradável e passa mais tempo na rua "dando o exemplo" de uma forma 'diferente' de fazer as coisas. (sério, eu gosto muito que as pessoas me vejam na rua expondo alforjes, estacionando minha bike no supermercado como se fosse um carro, e descendo ao estacionamento com um carrinho cheio e, sem usar nenhuma sacolinha, encher os cantos da bike e sair empurrando tudo isso com minhas próprias forças, e fazendo cara de q é a coisa mais agradável e fácil do mundo. acho q assim faço minha parte no "cicloativismo sem palavras").

Outra questão, que não se refere unicamente às compras, é a capacidade de levar coisas grandes - e aí eu não me refiro a pessoas, mas objetos volumosos, como por exemplo uma caixa de som + um violão... nada feito, numa necessidade dessas é táxi na cabeça, mas com uma bicicletona (adaptada de forma diversa da sua) seria possível (ou com um reboque).

Eu gosto do conceito do xtracycle, especialmente para viagens, mas admiro bem mais a ideia do Bullitt como utilitário urbano (por poder levar volumes maiores sem precisar de amarrações ou bolsas):



Eu ACHO q, com um Bullitt, o peso fica bem distribuído com o veículo carregado; já com ele vazio, só com o ciclista, acho q ele fica com propriedades "empinativas", diferente da sua bicicletona, q acho q vai muito bem vazia e, quando cheia, também. Não sei o q vc pensa disso.

Se um dia eu tiver uma bike desse tipo, com certeza não será uma importada, mas alguém me ajudará a fazer, ou fará pra mim, ou vou achar alguma por aí dando sopa. Acho até q o nosso país tem alguma tradição com bikes cargueiras, mas não tops como essas gringas, e sim umas bem simples e de poucos recursos, mas q cumprem seu serviço; não sei se vc já viu esse estudo da Transporte Ativo:

http://www.ta.org.br/contagens/carga.pdf

Acho sensacional! Infelizmente são bikes que não prestariam pra minha realidade, mas tlvz com alguma adaptação (especialmente qnto à relação de marchas, pois NÃO DÁ pra sobreviver carregando peso aqui sem um 22x34 básico) e um "talento" na bici, quem sabe rolaria. Só q elas são muito 8 ou 80, ou elas são só isso (q até já ajuda um pouco):



Ou TUDO isso :



Vc disse lá q não tem nenhum talento especial pra esses inventos e adaptações, mas q foi desenvolvendo por amor às bikes. Bem, eu quero muito acreditar q esse será meu futuro, um dia, pois eu tenho habilidade zero e nunca quis ou precisei desenvolver, mas hoje em dia sinto essa falta e vem a vontade, só que sempre acompanhada daquele lamento "ah, eu não consigo, não sei fazer, não tenho ferramenta, não aprendi...". Mas acho q isso aí será aos poucos, também!

Forte abraço,


Nino

manouchk escreveu:

Eu achei a postagem muito legal. Como você fez a peça de alumínio em U? Foi usinada ou já existe perfis desse tipo?

oi Emmanuel


é uma simples barra chata de alumínio cortada na medida (no "chute") e dobrada com morsa e martelo.

O "acabamento" sem cantos foi feito com esmerilhadeira angular e lima manual.

A morsa é pequena e bem ruinzinha por sinal - cada 3 marteladas tem que reapertar a fixação na mesa...

Citação :

="ninocoutinho"]Bem vindo de volta, Artur (...)

Agradecimentos enrubescidos...


Agora vamos por partes:

Citação :

(...) eu gosto muito que as pessoas me vejam na rua expondo alforjes, estacionando minha bike no supermercado como se fosse um carro, e descendo ao estacionamento com um carrinho cheio e, sem usar nenhuma sacolinha, encher os cantos da bike e sair empurrando tudo isso com minhas próprias forças, e fazendo cara de q é a coisa mais agradável e fácil do mundo. acho q assim faço minha parte no "cicloativismo sem palavras"

eu faço tudo isso pensando mais ou menos as mesmas coisas tbém hehehe.

Citação :

Outra questão, que não se refere unicamente às compras, é a capacidade de levar coisas grandes (...)
(...) admiro bem mais a ideia do Bullitt como utilitário urbano (por poder levar volumes maiores sem precisar de amarrações ou bolsas

Na boa Nino, a rabo-longo leva grande vantagem quanto a objetos volumosos e desajeitados. Com essas cargueiras com compartimento fechado você em princípio só consegue carregar o que cabe dentro do compartimento. Para transporte de crianças é muito vantajoso; você olha e cuida delas todo o tempo, elas podem dormir sem problema, você não fica paranóico. Com uma dessas eu provavelmente andaria só na rua, nunca na calçada, mesmo com as crianças junto. Especialmente esse modelo de 2 rodas.

Uma coisa que a Bicicletona (ainda) não tem e que faz muita diferença na praticidade, é aquele tipo de bagageiro da xtracycle original que tem tubos em 2 planos diferentes - é como dois L espelhados, visto de trás - resulta que o estribo fornece um generoso apoio horizontal, você não precisa realmente de alforges, pode apoiar qualquer coisa naquilo e prender de leve com extensor, corda, borracha, o que for, só pra não cair. Alforges são pendurados, mas com aquele tipo de bagageiro não precisa pendurar nada.

Citação :

não sei se vc já viu esse estudo da Transporte Ativo:

http://www.ta.org.br/contagens/carga.pdf

Não conhecia, que trabalho hein! Fazer um estudo desses não é fácil. Adorei os resultados, eles mostram aquela face invisível do Brasil onde a bicicleta tem um papel que ninguém imagina que ela possa ter.

Outro dia vi um pai dedicado e inconformado como eu que achou uma solução que me escapou: ele pegou uma dessas cargueiras com aro 20" na frente, adaptou o rack dianteiro para cadeirinha, montou outra num bagageiro atrás, e pedala levando 2 crianças crescidinhas, sem nenhum problema de comportamento de direção. Ficou ótimo. Hmm, mas pensando bem, a Bicicletona é "muito mais bicicleta" - anda mais, é mais ágil, mais confiável...

Citação :

Vc disse lá q não tem nenhum talento especial pra esses inventos e adaptações, mas q foi desenvolvendo por amor às bikes. Bem, eu quero muito acreditar q esse será meu futuro, um dia, pois eu tenho habilidade zero e nunca quis ou precisei desenvolver, mas hoje em dia sinto essa falta e vem a vontade, só que sempre acompanhada daquele lamento "ah, eu não consigo, não sei fazer, não tenho ferramenta, não aprendi...". Mas acho q isso aí será aos poucos, também!

Por amor e por necessidade. Minhas reclinadas - todas, sem exceção - deram algum problema que eu mesmo tive que solucionar, ou no mínimo necessitaram alguma adaptção ou alguma enjambra - nem que fosse um suporte para a lanterna traseira, p.ex.

Curiosamente, esses parcos conhecimentos de mecânica - e de "enjambrônica" - fizeram de mim um dono de casa muito mais competente. E as ferramentas e a oficinazinha, que começaram em função das bicicletas, acabam sendo empregadas tbém em benefício de necessidades domésticas.

Habilidade natural não tenho mesmo. Levo um tempão para limpar, regular e lubrificar uma bicicleta. E tem várias coisas que ainda não sei fazer, como montar rodas p.ex. Tipo assim, conheço várias pessoas que têm uma inclinação bem mais natural para essas coisas; geralmente elas tbém curtem mais. Eu não curto exatamente mecânica, mas gosto da sensação de não ser totalmente dependente das bicicletarias, e da satisfação de superar algumas dificuldades. E de gastar menos $ hehehe.

Estou mencionando isso por um motivo que me parece muito relevante.

Eu tenho convicção que nós temos uma dificuldade cultural - agravada pela absoluta falta de estímulo e orientação escolar - com tudo o que cheira a "meter a mão na massa". Nós não fazemos nada - nós pagamos alguém pra fazer. Parece muito chique, mas o fato é que não fazemos tbém porque não sabemos fazer p**** nenhuma.

Ontem mesmo um vivente me perguntou da Bicicletona. Foi eu falar assim "quer construir uma? não é difícil, tá tudo explicado na internet, de graça" pra ele encerrar a conversa e se mandar. Se eu tivesse uma pra vender talvez ele teria se interessado. Pensando bem, até que é um jeito legal de se livrar dos malas. Mas tbém é triste, percebe-se que muitas pessoas já estão além da coisa da "preguiça aristocrática", elas simplesmente não conseguem se imaginar sendo capazes de fazer, com as próprias mãos, alguma coisa que funcione.