Então, pessoal, focando no próximo audax urbano do rio (próximo 18 de novembro), voltei aos pedais longos nos fins de semana.
Vou colocar aqui fotinhos e relatinhos dos meus últimos dois pedais. Sábado passado, rumei pra BH, num trajeto de 127 km, e ontem fiz um bate-e-volta numa cidade vizinha, Barão de Cocais, em 133 km.
A viagem pra BH é algo que minha experiência acumulada nesse tempo de pedal diria para NÃO FAZER
! Nada contra a distância em si, que não seria grande problema ou novidade, nem altimetria, que é dura porém não impraticável, mas sim contra as condições da estrada. A BR381 infelizmente é o resultado da inexistência de investimento em malha ferroviária, em nosso país. Todo o fluxo de caminhões quem vem da Fernão Dias e quer se dirigir ao ES, a BA ou algum outro lugar de Minas, passa por aqui, e vice-versa. É uma estrada não-duplicada e, por causa de algumas subidas vigorosas, tem boa parte dela com 3a faixa adicional para caminhões - o que significa ausência de acostamento do lado "correto", para nós.
Isso transforma a viagem numa coisa bem estressante pq vc tem que ficar trocando de pista devido ao acostamento de um lado só: nas descidas e retas, do seu lado; nas subidas, tem que ir na contra-mão
! Com o agravante de que em curvas acentuadas uns 80% dos veículos fazem as curvas comendo acostamento, ou seja: nessas curvas, não dá nem pra subir pedalando, tem q ir empurrando no pouco espaço que te sobra, uma singela canaletazinha!!
Tem também alguns casos em que começa a terceira faixa onde vc está pedalando, mas ainda não tem acostamento do outro lado. Ou vc já está no acostamento do lado contrário, e ele acaba, sem terminar a terceira faixa do outro lado. Descobri quatro trechos assim, alguns de poucos metros, alguns chegando a uns 200 ou 300m. Distância essa que vc também acaba fazendo empurrando, se quiser ficar vivo. Afundado na canaleta ou espremido no guard rail, vc escolhe!
De fato, realizar essa viagem foi um projeto tão ousado e com risco em potencial que não quis contar pra ninguém o que estava fazendo, pra não ouvir xingo com antecedência
. Mas saí de casa pronto, pois iria dormir em BH, na casa de uma amiga, e também iria assistir a duas apresentações dela: uma ópera no mesmo dia, e um solo com orquestra no dia seguinte. A viagem, assim, tinha também um caráter de homenagem ao momento. Estava com roupas e coisas de banho na bagagens, ou seja, tudo "de caso pensado", mas me despedi em casa dizendo apenas que ia pedalar muito naquele sábado, e não ia voltar pro almoço rsrsrs só dei sinal de vida quando cheguei vivo em BH (tá, me repreendam!!!)
Alguns exemplos de trechos com terceira faixa, sem acostamento do lado certo (mas já com acostamento terminando do outro lado, ou seja, onde escolher pedalar?):
Afora estas questões do trânsito, outra dificuldade é ser uma viagem bem árida! O calor mata e não existe sombra! ou melhor, existe UMA só sombra!!!
Obviamente, mesmo fazendo a viagem escondido, fui encontrado
! Um amigo meu passava de carro, quando me viu justamente do lado de lá do acostamento. Achou que eu precisava de alguma coisa, deu meia volta e parou pra me abordar, registrando o instantâneo:
Outras cenas da estrada:
Não fiz todo o caminho direto pra bh, como um carro faria, mas evitei uns quase 10km finais dessa estrada e mais o anel rodoviário de BH, entrando em Santa Luzia, cidade da região metropolitana, onde almocei e por lá que entrei em BH (estende um tanto o caminho mas sinto mais segurança):
Chego em BH numa pesada avenida, mas que guarda seus encantos.
Outdoor da ópera que iria assistir.
Intervalo do primeiro pro segundo ato:
E fim do terceiro ato!
No dia seguinte, depois do concerto e almoço, voltei de busão, e pela primeira vez não consegui embarcar com a fox de BH pra cá: veio um ônibus de bagageiro menor, todo ocupado com malas, e com um bagageiro de cargas também tomado. Como em geral eu sou muito bem recebido nesses ônibus dessa linha, e em geral o pessoal "facilita" pra mim, não insisti e troquei minha passagem pra uma hora depois, amargando apenas mais uma hora de espera.
Já ontem, fiz uma nova rota, passando por essa estrada, também, mas por apenas 7km dela. Ia pra cidade de Barão de Cocais, parte da rota da Estrada Real. Bem, a estrada local pra lá até que é mais ou menos adequada de se pedalar, com a ressalva dos MUITOS caminhões! O caminho passa por São Gonçalo do Rio Abaixo que é onde tem a mina de Brucutu, maior mina em produção de minério de ferro no mundo, parece, e em Barão de Cocais tem a Gerdau, ou seja, é caminhão pra cima e pra baixo! O acostamento nunca é perfeito mas em geral é pedalável, especialmente com pneus mais multiuso. Algumas cenas:
Antes de chegar em Barão de Cocais, há a possibilidade de visitar a localidade de Cocais, uma pequena vila da cidade. Tranquilidade é pouco! Fotinhas:
De Cocais segui pra Barão, onde registrei o Santuário de São João Batista (putz, em TODAS minhas últimas viagens, ou a igreja principal estava em obras, ou estava em festa, e nenhuma foto pôde ficar "pura"), a pracinha e uma casinha toda charmosa:
E voltei, chegando já com a tarde escurecendo:
Pras próximas semanas não planejo fazer pedais tão longos. Well, tem só mais dois fins de semana antes do audax, e acho que compensa mais treinar menos durante a semana, tipo uns 20km 3x por semana, q é coisa que não tenho conseguido fazer. Aí no fim de semana faz uns 60, 80, acho que fica de bom tamanho. Esses pedais bem longos parecem servir mais pra vc SE conhecer, testar os limites do equipamento e seus próprios limites, sua rotina de hidratação e alimentação, do que como treino, especificamente.