Muito legal teu depoimento, Régis.
Voltando ao tópico: parece que a pessoa que fez a pergunta inicial se desinteressou pelo assunto.
Não tem problema. Mais cedo ou mais tarde, todo ciclopata
acaba tendo que lidar com a cadência e outros aspectos ciclísticos. Pedalar é simples, mas pedalar muito bem não é tão simples quanto parece. Os ciclistas profissionais não têm somente muita força e muita resistência: eles tbém têm aquela pedalada bonita, suave como seda ("smooth as silk"). Nunca vamos chegar perto deles em força, mas podemos imitar um pouco a harmonia/técnica/coordenação.
Cadência talvez seja o aspecto central do pedalar.
Já ouvi vários reclineiros questionarem a validade de transferir
princípios técnicos do ciclismo tradicional para o ciclismo reclinado.
O que segue é apenas minha opinião:
Eu acho que esse questionamento é válido e até necessário.
Mas acho tbém que precisamos primeiro
conhecer as tradições do ciclismo.
Por ciclismo, neste contexto, entendo estritamente o ciclismo de estrada (e pista).
Este esporte tem mais de um século de prática e desenvolvimento ininterruptos.
O MTB é apenas uma criança, em comparação. BMX nem se fala.
O ciclismo reclinado é quase tão antigo, mas não formou uma tradição forte própria (ainda).
Os músicos sabemos muito bem o valor da tradição, do saber que passa de pessoa para pessoa,
através das décadas e mesmo dos séculos. Esse tipo de saber nem sempre se encontra nos livros,
e por isso chamamos "tradição".
Claro, existem crendices ou mesmo bobagens que se tornam "tradição", por algum tempo -
até serem desmistificadas por alguém objetivo e corajoso.
No caso específico da cadência, a tradição diz mais o menos o seguinte:
a freqüência ideal (pessoal) "de cruzeiro" é alguma coisa entre 75 e 95 rpm.
Os sprintistas de pista (velódromo) chegam a 200 rpm (!) ou mais.
Menos que 70 certamente não é bom para os joelhos.
Nos passeios em PoA, vejo muita gente pedalando a 50 rpm, às vezes menos.
Me dói só de olhar.
Será que esta tradição, este saber do ciclismo tradicional se aplica ao ciclismo reclinado?
Na minha opinião, não se aplica totalmente.
Na minha opinião, a cadência ideal para reclinada
estaria numa faixa ACIMA (!), ainda. Tipo 90 em média,
e claramente acima de 100 para arrancar e acelerar.
Ex.: antes de parar no semáforo, subo para o maior pinhão do cassete.
Na coroa do meio, isso me permite arrancar muito rápido,
com pouca pressão (nos joelhos), graças a uma cadência ultra-rápida.
Em poucos segundos começo a passar as marchas de 2 em 2,
até estabelecer minha velocidade/cadência de cruzeiro.
Desta forma, me movimento de maneira ágil e segura,
e diminuo o risco de lesões.
Mas esta é uma opinião influenciada por algumas circunstâncias:
histórico pessoal de problemas articulares, uso de pedivela encurtado
(que facilita, mas não garante, uma cadência mais alta).
Outras opiniões são bem-vindas.