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Em maio foram 4 dias em Buenos Aires. No finalzinho de novembro uma semana em Santiago Chile. Em ambas as oportunidades alugamos uma bicicleta tandem e com ela exploramos as ruas, avenidas e, principalmente, os parques de ambas as cidades.
Santiago do Chile está cercada de montanhas e, mesmo estando na cordilheira dos Andes é plana. Ocorre que a cidade foi construída em um belíssimo vale formado por uma grande extensão plana entre os picos nevados. Para os mais críticos na verdade trata-se de um plano inclinado (levemente inclinado) pontilhado aqui e acolá de um pequeno morro – estes normalmente transformados em áreas de lazer.
Então posto que o relevo facilita e convida ao pedalar soma-se o clima: o índice pluviométrico é bastante baixo. A pouca chuva em quase todo o ano (chove um pouco mais no inverno) e a temperatura amena de primavera formaram um cenário perfeito para que pedalássemos quase todos os dias – e não foram todos em função de outros compromissos e da ida à Valparaiso e Viña Del Mar num passeio de apenas um dia mas que vale a pena.
Depois de um ano especialmente “molhado” em Porto Alegre a falta de chuva por uma semana talvez tenha causado mais regozijo maior do que seria natural esperar.
A tandem foi locada por uma semana com a empresa “La Bicicleta Verde” (http://www.labicicletaverde.com/) e o custo foi de 60.000 pesos chilenos (aproximadamente R$ 215,00 ou U$ 121,00 em novembro de 2009) e incluiu os 2 capacetes e uma bolsa com bomba para encher pneus e ferramentas para reparos de emergência que felizmente não foi necessária apensar dos mais de 300km pedalados pela cidade ao longo da semana..
A mesma empresa oferece passeios guiados pela cidade, de bicicleta naturalmente. Assim você pode apenas fazer um destes passeios cujo custo inclui a locação da bicicleta.e do capacete. Na cidade são oferecidos 3 roteiros em horários distintos: manhã, tarde e um mais extenso à noite. Para quem quiser conhecer o vale dos vinhedos, próximo a Santiago existe um passeio de 1 dia onde os participantes são levados de carro (juntamente com as bicicletas) e fazem uma pedalada por várias vindimas com degustação de vinho e as montanhas como pano de fundo. Nós não usamos esta opção, ficará para uma próxima oportunidade.
Em relação aos passeios na cidade, nós preferimos apenas um mapa com a indicação dos pontos de interesse. Desta maneira ditamos nosso próprio ritmo e fomos descobrindo uma Santiago alegre, arborizada (graças à intensa irrigação), moderna e, para os padrões nacionais, com muitas ciclovias. Digo para os padrões brasileiros porque em conversa com um atendente de uma loja de bicicletas e “repuestos” (peças) fomos informados de que não havia ciclovias suficientes e que os motoristas não respeitavam os ciclistas (!!). Não foi o que vimos: se Porto Alegre só agora faz campanha pela faixa de segurança em Santiago todos a respeitam, inclusive aquelas feitas para as bicicletas ao longo das ciclovias.
Já que falamos de loja de bicicletas, descobrimos o paraíso do ciclismo. A rua San Diego possui aproximadamente 2 quadras onde só existem lojas de bicicletas e peças. São dezenas de lojas uma ao lado da outra. Uma verdadeira festa! Ainda que não tenhamos visto nenhuma reclinada a diversidade chama a atenção: speeds, pinha fixa, tandem, infantis, de carga e, naturalmente, uma enorme quantidade de mountaim bikes dos mais diversos modelos.
Sobre pinha fixa: é comum vê-las circulando pelas ruas de Santiago ainda que seu número seja muito menor do que as MTB as fixas estão bastante presentes.
E foi assim que La Moneda (o palácio presidencial), as margens do rio Mapocho que corta a cidade, o mercado central de frutos do mar (onde apreciamos uma centoia ou king crab – um enorme caranguejo das águas frias do oceano próximo ao pólo), o parque das esculturas (um parque repleto de esculturas modernas de vários artistas), o bairro Bella Vista (o bairro boêmio), o morro de San Cristovan (de onde se tem uma incrível vista de toda a cidade) e tantos outros bonitos locais de Santiago, foram visitados de tandem.
Finalmente, em relação ao preparo físico necessário para a empreitada. Muitos compromissos e muita chuva ao longo do ano me (Luís) colocaram em forma: forma de barril com vários quilinhos a mais!! Isto não foi problema, a cidade é plana como já colocamos e fizemos nosso próprio ritmo – sem estresse! Como já vão longe os nossos 20 anos, no morro de San Cristovam, por exemplo, deixamos a tandem na estação do funicular (basta acorrentá-la a um dos inúmeros locais de estacionamento de bicicletas disponíveis) e usamos o “trenzinho” para subir ao topo do morro. Como seria de se esperar em uma cidade em que muitos usam a bicicleta como meio de transporte, no topo do morro, vários ciclistas estavam tomando um “mote com huesillo” (bebida típica local, feita de pêssego e grãos de trigo cozido – muito doce, então excelente para repor as energias perdidas na subida) e apreciando a vista da cidade enquanto descansavam para a descida que, neste caso deve compensar o esforço de pedalar até o topo – mais uma experiência que ficará para uma próxima oportunidade.
Em resumo: Santiago deixou saudades então já pensamos em retornar – talvez no inverno – para continuar a descobrir a cidade de tandem.
Luis Renato, engenheiro, 45 & Sinara, enfermeira, 43.