artur elias
Mensagens : 551 Data de inscrição : 11/02/2009
| Assunto: Descobrindo a reclinada - depois de 250.000 milhas pedaladas Ter Ago 04, 2009 4:56 pm | |
| caríssimos, a postagem abaixo me parece por demais preciosa para não compartilhar na íntegra - até por que sei que muitos não se dariam ao trabalho de clicar e ir visitar o blog onde foi publicada... por outro lado, fica arquivado aqui tbém, e pode chegar a mais pessoas. Espero que gostem. --------------- Sábado, 1 de Agosto de 2009Descobrindo a reclinada - depois de 250.000 milhas pedaladas Fiquei sabendo deste vivente e sua página outro dia. Resolvi traduzir e compartilhar alguns trechos aqui. É um dos depoimentos mais detalhados e interessantes que já vi a respeito da "experiência reclinesca", por assim dizer. Uma das coisas que torna a leitura interessante é o perfil e a trajetória do autor:
Primeiro, um pouco da minha história: sou um ciclista ávido; durante 9 anos competi em estrada e velódromo; minha experiência em corridas inclui o Campeonato Mundial (Pro) de 1983, na Suíça, e o Tour de L'Avenir, no mesmo ano, na França. Pedalo há 30 anos, nunca parei, percorri 250.000 milhas [mais de 400.000 km], e ainda amo minha bicicleta. Sou mecânico de bicicletas, tbém há 30 anos; criei o ramo de reparos a domicílio, no qual atuo há 22 anos.
Oficina móvel - por fora e por dentro
Eric - assim se chama o vivente (julgando pelo endereço de e-mail, e sobrenome não encontrei) - conhecia as reclinadas há muito tempo, mas somente de maneira superficial. Ao tomar a decisão de fazer um teste mais longo, ele oportunizou a si mesmo vivenciar um insight ciclístico muito bacana.
Primeiramente ele dá sua visão sobre a indústria reclineira (norte-americana) e como os recentes progressos o estimularam a levar as reclinadas mais a sério:
Tenho visto reclinadas há muito tempo, mas elas sempre tinham uma aparência esquisita, tipo fundo-de-quintal, e eram um pouco pesadas demais. As coisas mudaram, especialmente nos últimos 10 anos. Não apenas elas melhoraram de aparência, mas, puxa, essas bicis andam muito bem.
A seguir, transcrevo alguns trechos do relato, que está originalmente dividido em dias, depois em quilometragem. Para lê-lo na íntegra, visite a página do autor. Elo direto aqui. Diversão certa para quem gosta do assunto e lê razoavelmente bem em inglês. Se alguém quiser comentar ou corrigir minhas traduções, ficarei agradecido.
Era para ser uma pedalada leve de 15 milhas [pouco mais de 24 km], mas quando cheguei em casa, tinha completado 38 milhas [aprox. 61 km]. Nossa, isso é o que eu costumo fazer com minha estradeira, atualmente; mas nunca me sinto assim, tão descansado, depois, e esta foi recém minha segunda saída com a reclinada. Acho que as possibilidades são fantásticas.
Isto é maravilhoso: depois de quatro dias estou "sentindo" aquilo que os reclineiros falam. Sinto que (...) a bicicleta me envolve e que sou parte dela. Bicicletas tradicionais de estrada [aquilo que nós chamamos "Speed"] não dão essa sensação. Deve ser o centro de gravidade baixo e a posição.
Fico observando três falcões voando em círculos. Estou perfeitamente equilibrado na bicicleta, mesmo olhando para cima. Isso não seria possível em uma estradeira tradicional. Tenho uma vião panorâmica. Mesmo pedalando forte e ofegando, minha cabeça está ereta e é possível curtir a vista. Estou adorando isso.
A cada uma das 15 curvas fechadas, uma vez dentro da curva, dava vontade de ter entrado com mais velocidade (...) Essas bicicletas dão uma sensação muito diferente nas curvas. Centro de gravidade, posição sobre as rodas, não estou certo o que é, mas estou adorando.
(...) depois de 600 milhas [aprox. 965 km]- e ainda não estou em plena forma no que se refere à reclinada - meu desempenho em subida está apenas 8% abaixo [do desempenho em subida com uma bicicleta tradicional]. Nas últimas saídas a força nas pernas se tornou perceptível, especialmente nos morros. Imagino poder igualar minhas marcas com a estradeira tradicional (...). Porém, a grande questão é, será que vou pedalar minha estradeira tradicional [que é uma Trek Madone !] de novo?
Em outro ponto do relato, Eric tece algumas reflexões sobre a pouca difusão do ciclismo reclinado, e advoga a necessidade de informar e educar o povo do pedal. Parece feito sob encomenda para o Pés pra Cima! , mas não é...: Tudo que as pessoas sabem é que as reclinadas são esquisitas mas parecem confortáveis (...). Suponho que, depois de 100 anos vendo bicicletas de configuração tradicional, qualquer outra coisa pareceria esquisita. Mesmo os lojistas, meus conhecidos, reviram os olhos à simples menção da reclinada. Após três dias naquele banco confortável, penso que o grau de desinformação a respeito desse tipo de bicicleta é bem sério.
Aposto que existem milhares de pessoas que experimentaram brevemente uma reclinada, mas nunca sentiram o que eu senti hoje. Precisei de 20 milhas para me sentir bem na bicicleta, e de outras 40 para saber o que é que faz com que essas bicicletas sejam tão incríveis de pedalar. Uma voltinha na quadra não te dá nada, a não ser a sensação de estranheza. Se você nunca pedalou uma reclinada, precisará muitos quilômetros até se sentir confortável. Agora sei porque não se vê mais gente pedalando reclinado. Quantas lojas vão te deixar testar uma bicicleta por 40 milhas? Eu tenho mais de 250.000 milhas nas pernas, e levei até o dia de hoje para conhecer realmente a reclinada. Esta fica comigo.
----------------- pós-escrito a esta postagem:
tentei entrar em contato com o Eric para obter sua autorização; até agora, sem sucesso, então esta postagem permanece, por ora, no rol das "não-autorizadas"...
p.s. 2: a bicicleta utilizada para o teste foi uma Bacchetta Corsa (como a da foto abaixo, "roubada" do Recumbent Blog). O autor do relato tornou-se revendedor autorizado da marca.
p.s. 3: nunca é demais lembrar: a meta deste blog não é "converter" ciclistas felizes à bicicleta reclinada, mas, tão-somente, ajudar a disseminar um pouquinho de informação sobre esta preciosa alternativa ciclística; repetindo as palavras do autor do relato, "o grau de desinformação a respeito desse tipo de bicicleta é bem sério". As reclinadas estão à margem da grande indústria, não são comercializadas pelos lojistas tradicionais (que basicamente vendem apenas o que está "na moda"), e por isso passam desapercebidas de tantas pessoas que gostam e até precisam pedalar, mas que não se dão bem com o design tradicional de bicicleta. Este relato se torna particularmente interessante, na medida em que vem de alguém altamente qualificado e competente, e pela riqueza de detalhes.
Postado por artur às 12:00 0 comentários Links para esta postagem | |
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Ricardão
Mensagens : 11 Data de inscrição : 23/05/2009
| Assunto: Re: Descobrindo a reclinada - depois de 250.000 milhas pedaladas Qua Ago 05, 2009 1:57 pm | |
| Valeu Artur, muito bom este relato . É sempre bom lembrar aos novatos que este é um caminho sem volta. Depois de andar de reclinada por algum tempo, não se consegue voltar a convencional. Abraços | |
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Franz Admin
Mensagens : 181 Data de inscrição : 11/02/2009 Idade : 52 Localização : Pelotas - RS - Brasil
| Assunto: Show de bola!! Qua Ago 05, 2009 4:16 pm | |
| Li o texto: Muito legal!! O último bloco em vermelho parece até um diálogo típico daqueles que aperecem durante um GROM de domingo. Extendo a linha raciocínio relativa à reclinada a uma série de outras coisas. Há uma infinidade de coisas boas e ruins na vida que não vemos, pois nossa visão foi treinada (Não estou falando daquelas conspirações mistériosas que rolam na internet. Não há culpados) para não vê-las, e isso pode ser um grande problema. Um exemplo disso seria nosso raciocínio linear, desenvolvido por séculos, séculos emais séculos. Toda a ciência se desenvolveu em cima dessa relação linear de causa e efeito. As consequências estão aí o dia todo, para observarmos a olhos nus. Bom tópico!! Abração, | |
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Mateus
Mensagens : 33 Data de inscrição : 25/05/2009 Idade : 52 Localização : Triunfo/RS
| Assunto: Re: Descobrindo a reclinada - depois de 250.000 milhas pedaladas Qui Ago 06, 2009 9:34 am | |
| Realmente esse cara explicou muito bem a sensação de pedalar a reclinada, principalmente no que se refere a poder olhar pra cima e ao fato de se sentir descnaçado depois de pedalar. | |
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| Assunto: Re: Descobrindo a reclinada - depois de 250.000 milhas pedaladas | |
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