Suspensão traseira Shockster

Conforme prometido, inauguro aqui um tópico sobre a (famosa?) suspensão traseira Shockster.

Trata-se de uma suspensão traseira desenvolvida para ser instalada em mountain-bikes de traseira rígida. Ela é instalada nos dropouts e nos suportes de v-brake originais do quadro. Foi lançada nos anos 90, mas devido uma combinação de fatores (marketing ruim, alto preço, advento de bikes full a preços mais em conta, etc.), não vendeu bem e acabou sendo descontinuada.

Aqui vai um GIF animado que mostra como funciona a coisa:


Ficou relativamente famosa entre os reclineiros. A Lightning Cycle Dynamics (fabricante da famosa reclinada Lightning P-38) adquiriu um lote dessas suspas e as vende para quaisquer interessados, mesmo estes que não tenham reclis da Lightning.

Aqui no Brasil, os pioneiros no uso da Shockster em reclinadas foram o Guerreiro, que a instalou numa Zöhrer Option (ou algum outro modelo; não sei bem ao certo) e o meu irmão Eduardo, que a instalou em sua Zöhrer EXD "off-road".

Seguem fotos da minha instalação.

Precisei trocar as hastes originais de sustentação do banco por hastes mais afastadas entre si, para que a Shockster pudesse ser alojada no espaço atrás do banco. E a fixação da parte superior da Shockster ao quadro foi feita com duas peças fabricadas a partir de um perfil de alumínio.







As fotos seguintes mostram que as hastes alternativas terminam em uma pequena cantoneira que vai aparafusada no mesmo parafusão utilizado para prender a Shockster nos dropouts do quadro:

Montagem final:



Uma coisa importante a se verificar é se a suspensão, ao excursionar, não vai bater em alguma coisa:

Quanto ao posicionamento ideal da Shockster em relação à trajetória da corrente, é preferível que o eixo da roda excursione perpendicularmente à direção da corrente:



Dessa forma, o movimento da suspensão não tensiona nem afrouxa a corrente. A consequência disso é que, ao manter a corrente tensionada com a força dos pés nos pedais, sente-se (nos pés) uns "golpes" quando a suspensão excursiona.

Esse posicionamento ideal também reduz o efeito "pogo" (que "rouba" potência da pedalada).

No caso da EXD, o posicionamento ideal só é possível para quem usa o banco bem para a frente e/ou não muito deitado. No meu caso, precisei posicionar a Shockster um pouco mais para trás do que o ideal.

Vai aqui a versão do adaptador feita em aço ainda antes de ser pintado.

Muito bacana, eu até ia fazer uma pergunta sobre o posicionamento perpendicular em relação a corrente e vc já tinha respondido.

Muito legal esse negócio, valeu compartilhar.

Quão simples e leve será que dá para fazer um sistema semelhante com curso curtíssimo com elastômeros e freios a disco.

Talvez seja uma idéia que valha a pena...

Continuando...

Usei essa instalação da Shockster durante aproximadamente um ano e meio de uso intenso. Eu vinha usando pneus 1.0 e meu trajeto mais frequente incluía uma estrada bastante esburacada (asfalto detonado; pior que algumas estradas de terra).

Até que, finalmente, aconteceu isto:





Uma quebra junto ao ponto de fixação esquerdo da Shockster ao quadro. Essa "perna" da Shockster é mais fina desse lado do que no lado da tração.

Analisando a quebra, concluí que foi por fadiga e em decorrência de a Shockster ter sido submetida a um movimento para o qual ela não foi projetada. Ao ser instalada em uma MTB, as duas metades (esquerda e direita) da Shockster ficam "ancoradas" pelos dropouts e suportes de v-brake do quadro, não havendo possibilidade de movimento lateral, a não ser que o próprio quadro "trabalhe" dessa forma.

Na minha instalação, essa movimentação lateral não é evitada devido à possibilidade de flexão daqueles braços de suporte que fabriquei. Aqui vai uma ilustração dessa movimentação lateral de que estou falando:



(Obviamente essa movimentação não é visível ou perceptível, mas ocorre em um nível tal que veio a resultar na quebra, após um ano e meio de uso.)

A solução definitiva seria uma "amarração" entre os quatro pontos de fixação da Shockster, de maneira a evitar essa movimentação lateral. Algo conforme esboçado abaixo em amarelo:



Essa solução também proporcionaria segurança em caso de quebra da Shockster (por outros motivos quaisquer), pois mesmo quebrada ela não se separaria em duas. Não creio que, instalada dessa forma, ela venha a quebrar, mas ainda não me dediquei a por a idéia em prática.

A título de informação, estes são os pontos da Shockster que devem ser lubrificados regularmente, preferivelmente com graxa de Teflon:



Não consta no manual, lubrificar as hastes de aço da parte móvel melhora o desempenho (diminui o efeito "stiction" - as hastes tendem a "agarrar" e só se movem após uma determinada força de atrito ser vencida - é um efeito presente também em garfos com suspensão).

Mais uma foto do fundo do baú, da segunda reclinada brasileira a receber uma Shockster, primeira em uma Zöhrer EXD, instalada pelo meu irmão Eduardo:

Instalação recomendada pela Lightning:



É parecida com a minha sugestão (não implementada). A única coisa que eu faria diferente seria fixar as extremidades das hastes no mesmo lugar que a Shockster, ou seja, nos dropouts do quadro. Assim ficaria mais "universal", por não depender de o quadro ter "orelhas" nas quais fixar as hastes.

(Para que eu mesmo volte a achar essas fotos eventualmente) Estou incluindo neste tópico fotos de algumas instalações da Shockster em reclinadas:


Bacchetta Bella ATT, com Shockster e roda 29" na traseira, e garfo com suspensão e roda 26" na dianteira.


Bacchetta Giro ATT, com Shockster e roda 29" na traseira, e garfo com suspensão e roda 26" na dianteira.

Mordaz escreveu:

Bacchetta Bella ATT, com Shockster e roda 29" na traseira, e garfo com suspensão e roda 26" na dianteira.

- LWB to death! MARAVILHA de bike!!! Mas esse modelo de Bella ATT continua sendo vendido pela Bacchetta? Quando estive nos EUA andei em uma Bellandare, mas não tinha o porte dessa, nem comparação... Essa bike da foto ainda existe?
Como é que é pedalar nela em comparação à EXD?

Saudações!

Marco Di Martino escreveu:

Mordaz escreveu:

Bacchetta Bella ATT, com Shockster e roda 29" na traseira, e garfo com suspensão e roda 26" na dianteira.

- LWB to death! MARAVILHA de bike!!! Mas esse modelo de Bella ATT continua sendo vendido pela Bacchetta? Quando estive nos EUA andei em uma Bellandare, mas não tinha o porte dessa, nem comparação... Essa bike da foto ainda existe?
Como é que é pedalar nela em comparação à EXD?

Saudações!

Apareceu o fã de LWB... Esse modelo ainda está no site da Bacchetta, então deve estar disponível.

A Bella, de alumínio, é geometricamente bem parecida com a antiga Bellandare feita em crmo. Essa da foto que postei está diferentona porque o dono colocou aquele rodão na frente. Originalmente é uma roda 20", como na Bellandare:


Bacchetta Bellandare original (descontinuada).


Bacchetta Bella original.

Mordaz escreveu:

A Bella, de alumínio, é geometricamente bem parecida com a antiga Bellandare feita em cromo. Essa da foto que postei está diferentona porque o dono colocou aquele rodão na frente. Originalmente é uma roda 20", como na Bellandare:


Bacchetta Bellandare original (descontinuada).


Bacchetta Bella original.

A Bellandare que eu andei foi a tradicional, que agora fico sabendo que não está mais sendo fabricada. Ela vinha também com um guidom com avanço articulável que continua na foto da segunda Bella. Esse avanço é do tipo que tinha na Performer que o Daniel daqui de POA mandou vir da Coréia do Sul. Já na bike da primeira foto, a customizada, além da roda grande há o "chopper bar", como na minha V2, um guidom que faz uma senhora diferença e por isso cresci os olhos...

Voltei agora e li o texto de novo... Desculpe, entendi que seria a bike do teu irmão... Por isso te perguntei como seria andar nela...

Obrigado pelo retorno!

Mordaz escreveu:

Instalação recomendada pela Lightning:



É parecida com a minha sugestão (não implementada). A única coisa que eu faria diferente seria fixar as extremidades das hastes no mesmo lugar que a Shockster, ou seja, nos dropouts do quadro. Assim ficaria mais "universal", por não depender de o quadro ter "orelhas" nas quais fixar as hastes.

teria fotos da Shockster desmembrada??!!!

tenho vários recursos, inclusive uma fundição própria que podeira desenvolver todas as peças e acho possível fazer uma versão tupiniquim!

prof carlos henrique escreveu:

teria fotos da Shockster desmembrada??!!!

tenho vários recursos, inclusive uma fundição própria que podeira desenvolver todas as peças e acho possível fazer uma versão tupiniquim!

Não tenho, lamento.

Será que o custo dessa versão compensaria o trabalho? A Shockster é tão barata quanto os garfos de suspensão mais simples.