Tampão de roda

Estou há algum tempo experimentando um tampão de roda da Wheelbuider na minha Performer HR e acho que já dá para compartilhar algumas impressões.

Não me dediquei a testar com rigor científico, mas PARECE que o negócio funciona.

No primeiro teste "para valer", fiz um circuito de quase 70 km em aprox. 2h, saindo do Recreio pela Av. das Américas, indo até o Bosque da Barra, voltando em direção ao Recreio até o início da Grota Funda, e seguindo pela Estrada dos Bandeirantes, Abelardo Bueno, Ayrton Senna e de novo Av. das Américas, de volta ao Recreio:



Detalhes: A Estrada dos Bandeirantes está cheia de quebra-molas e uma parte da Abelardo Bueno tem umas "costelas de vaca" que me obrigam a reduzir bastante a velocidade.

Já tinha feito percursos bem parecidos com esse antes (um pouco mais curtos), sempre com médias próximas a 30 km/h. Desta vez, porém, fiz a 32,7 km/h, sem descontar uns "passeios" por ruas internas do Recreio que abaixaram a média. Ou seja, quase 10% de ganho na velocidade média.

O mais bacana foi ter emplacado um 8° lugar no Strava, num trecho do Infobarra ao pé da Grota (14,1 km a 40,9 km/h de média):

(

E na volta, já cansado com 48 km pedalados, ainda emplaquei um 4° lugar no Strava, na Ayrton Senna (2,4 km a 41,1 km/h de média), mesmo com o trânsito de carros me retardando um pouco:



Aqui vai o link do treino no Strava.

Muito massa, Roberto, eu tinha visto mesmo seu primeiro treino com o tampão, no Strava, e vi que vc tinha quebrado vários PRs nesse rolé. Só uma coisa não percebi: vc bateu o recorde com a Performer, mas os recordes anteriores eram com ela ou com a HP3?

Sei que é difícil, mas vc chegou a perceber, mais ou menos, a partir de qual velocidade o tampão realmente faz a diferença? Ou vc nem percebeu nada, só reparou a média superior, no final?

Mais uma: aí q venta muito, chega a dar problema?

Ainda não me lembro de ter visto alguém em audax usando isso. Me lembro do Klaus ter feito um tampão com papel contact e usado num brevet, mas não sei que eficiência teve. Se vc realmente tiver aumentado em quase 10% da velô média, depois de centenas de km é muito o ganho, afinal são horas sobre a bike. Mesmo que não aumente tanto, por causa de, em geral, as velocidades serem mais baixas nessas longas distâncias (digamos que ganhasse uns 5%, já seria demais).

E uma pergunta ignorante (pesquisei brevemente e não encontrei a resposta): pq não se usam rodas cobertas ou disc wheels na frente? apenas rodas mais "aero" (aros mais profundos/raios aero)? Vi uma foto da M5 Low do Mika, do BROL, que usa o tampão traseiro E dianteiro.

ninocoutinho escreveu:

Muito massa, Roberto, eu tinha visto mesmo seu primeiro treino com o tampão, no Strava, e vi que vc tinha quebrado vários PRs nesse rolé. Só uma coisa não percebi: vc bateu o recorde com a Performer, mas os recordes anteriores eram com ela ou com a HP3?

Tudo o que upei para o Strava foi com a Performer. Quando comecei a usar o Bryton, a HP3 já estava desmontada para repintura.

No primeiro teste foram só alguns PR; nada demais. No segundo é que foi legal, com dois recordes "overall"!

ninocoutinho escreveu:

Sei que é difícil, mas vc chegou a perceber, mais ou menos, a partir de qual velocidade o tampão realmente faz a diferença? Ou vc nem percebeu nada, só reparou a média superior, no final?

É difícil dizer. Talvez a partir de uns 30 e poucos km/h e, definitivamente, acima de 40 km/h.

A média final me surpreendeu porque era algo que eu não esperava. Minha espectativa era de que o peso adicional de 400g do tampão reduzisse minha média nos trechos com quebra-molas e/ou sinais de trânsito, devido às constantes reacelerações. Talvez isso esteja sendo compensado por uma facilidade maior de manter as velocidades máximas atingidas (apenas minha impressão subjetiva).

ninocoutinho escreveu:

Mais uma: aí q venta muito, chega a dar problema?

De fato, o vento afeta um pouco, mas menos do que eu esperava. É um pouco chato, obriga-me a fazer micro-correções de direção constantemente, mas o vento não parece afetar diretamente a direção. Parece empurrar a recli toda, sem me desviar do rumo significativamente. Notei isso também em Cachoeiras de Macacu, quando passavam por mim caminhões em alta velocidade. Eu sentia uma "empurrada" lateral, mas não uma "desviada". É um efeito diferente da tradicional influência do vento sobre a roda dianteira.

ninocoutinho escreveu:

Ainda não me lembro de ter visto alguém em audax usando isso. Me lembro do Klaus ter feito um tampão com papel contact e usado num brevet, mas não sei que eficiência teve. Se vc realmente tiver aumentado em quase 10% da velô média, depois de centenas de km é muito o ganho, afinal são horas sobre a bike. Mesmo que não aumente tanto, por causa de, em geral, as velocidades serem mais baixas nessas longas distâncias (digamos que ganhasse uns 5%, já seria demais).

Já vi fotos de rodas fechadas em eventos de Audax no exterior e, claro, em corridas de longa distância. Para quem faz um brevet de 200 km em 6 horas, deve valer a pena.

Esses 10% que estimei são bem "chutados", mas parecem estar de acordo com alguns relatos de reclineiros gringos (ganhos de 2 mph ~ 3 km/h a 32 km/h +).

É bom lembrar também que esse meu circuito de teste de 70 km é bastante plano.

ninocoutinho escreveu:

E uma pergunta ignorante (pesquisei brevemente e não encontrei a resposta): pq não se usam rodas cobertas ou disc wheels na frente? apenas rodas mais "aero" (aros mais profundos/raios aero)? Vi uma foto da M5 Low do Mika, do BROL, que usa o tampão traseiro E dianteiro.

Tampão na roda dianteira deve ser uma temeridade! Deve deixar a direção muito sensível ao vento. Talvez uma roda dianteira fechada pequena (como a dessa low-racer) seja mais administrável, se o vento for fraco, mas, via de regra, é melhor só fechar a roda dianteira se for rodar em velódromos fechados.

Com os ventos que tenho por aqui, a roda dianteira aberta já dá algum trabalho. O melhor mesmo é uma roda de perfil alto, mas sem exagero (talvez uns 60 mm), e com seção toroidal, para que o formato dos bordos de ataque externo (pneu) e interno (diâmetro interno do aro) sejam geometricamente semelhantes e a influência do vento nas extremidades da roda tenda a zero, quase anulando o efeito do vento. Na verdade, tal roda é até mais estável que uma roda com aro de perfil baixo.

Fora o ganho de velocidade proporcionado pelo tampão, gostei do visual ameaçador:





Mas resolvi tirá-lo por enquanto. Desde o início estava raspando no cassete (isso devia estar dando alguma perda quando eu parava de pedalar) e o problema não é muito fácil de resolver. Pensei que bastaria abrir um pouco o furo do centro, mas percebi que, para não encostar nos raios, teria de abrir demais. Além disso, qualquer impacto relativamente forte (causado por buracos, por exemplo) descentraliza o tampão. Acho que vou montar uma segunda roda, com os raios saindo pelo lado de dentro dos flanges do cubo para dar mais espaço para o tampão, e bolar uma maneira melhor de prendê-lo à roda para que não saia de centro.