Unindo o útil ao mais q agradável

Então, pessoal, mais uma vez eu saí de casa a la cicloturista pra não só pedalar e chegar a algum lugar a passeio, mas pra comparecer a alguma ocasião que tinha como importante.

Na cidade vizinha de São Gonçalo do Rio Abaixo, 10 mil habitantes, um amigo meu conseguiu aprovar um projeto de uma série de concertos a serem realizados ao longo de 2012. O primeiro da série foi agora, no último sábado, do duo de violões Siqueira Lima. Trata-se de um dos duos de destaque, na atualidade, no cenário internacional. Já tinha os visto tocar uma meia dúzia de vezes, e também já vi cada um dos integrantes darem recitais solo, ANTES de formarem o duo (na verdade é um casal, ela uruguaia e ele mineiro). Mesmo conhecendo bem o repertório q eles iriam executar, e já tendo assistido tantas apresentações deles, achei que seria mais do que obrigação prestigiar o evento, até pq eu também vou participar desta série, em outubro !



Claro q, dada a proximidade, fui de bike ! Poderia ir e voltar confortavelmente de busão, mas além de curtir a pedalada e o trajeto, acho q valoriza o evento, tipo "poxa, o cara veio de bicicleta pra nos assistir". Não foi a primeira vez q fiz isto, em 2010 também fiz a mesma coisa, indo para a mesma cidade assistir também um concerto. Isso foi poucas semanas antes de reclinar-me (ia receber a explorer pouco tempo depois). Também já fui à formatura de um amigo meu, em BH, de Berimbosa, assunto q já rendeu um tópico ( https://recliforum.forumeiros.com/t600-dei-meu-jeito-e-fui-de-bike-sabara-santa-luzia-belo-horizonte ), e também já fui a um curso de dobrável, fazendo são paulo-suzano, e voltando tb de bike.

Assim, sábado à tarde, pouco depois do almoço (optei pelo macarrão pra encher o bucho!) parti debaixo dum super sol! Fiz meu tempo recorde até São Gonçalo, 1h28min. Provavelmente pq a única parada pra fotografar foi esta (já tirei tanta foto nessa estrada q não tem mais o q retratar):



Detalhe: essa estrada há uns dois anos atrás era de terra. A prefeitura, q de uma hora pra outra passou a receber MUITA grana com a atividade mineradora (mina de Brucutu, da Vale), asfaltou a estrada todinha, e muito bem asfaltada. É uma delícia de rota, mas acho q só eu aqui na região q treino nela. Quase não tem tráfego, e tem ótimo acostamento. Os pontos de ônibus eram precários e foi na semana passada q notei q haviam sido trocados por esses, mais modernos. Agora sim o detalhe: na foto dá pra ver; estão vendo o espaço pra pessoa sentar? É todo dividinho aí com essas barras curvas de metal... é estreitíssimo, só serve pra magro !!! Eu, com minhas roupas coladas, fica sobrando 2 dedos pra ficar absolutamente justo! Se estivesse de calça jeans, já ia apertar. É um absurdo como esse povo q projeta essas coisas não pensa! Eu sou magro, qualquer mulher do meu tamanho já tem um quadril mais largo do q o meu... imagina as pessoas ligeiramente mais encorpadas, e que dirá dos obesos?? Não têm direito de sentar ! O digníssimo senhor prefeito, q com certeza não precisa pegar esse ônibus, com certeza não caberia ali também... Lamentável! Foda q quem passa de carro deve achar lindo "nossa, estão fazendo obras pra população". Fala sério!!

Mas voltemos a coisas boas. Logo mais já estava na porta da casa do meu amigo organizador da referida série de concertos. Adentrei no pedal:




Nem precisei oferecer pra galera experimentar, todos espontaneamente quiseram sentar no meu bambu !




Abaixo é um aluno meu, que estava indo assistir ao seu primeiro concerto de violão! Despachei ele de busão, com o consentimento da famílila, enquanto eu fui de bike. Ele saiu no busão das 15:15, enquanto eu havia saído de casa às 14:30. Cheguei poucos segundos antes dele :




A moçada em geral não consegue se equilibrar bem, mas também, sempre falta tempo. Deixasse mais uns minutos, acho q pessoa consegue começar a andar. Ah, o cão também foi deveras simpático com meu veículo, como as outras fotos já atestavam:



Como queria levar pouco peso, aliviei até no calçado. Fui pedalando de sapatilha, e levei uma papete, pendurada pelo próprio velcro dela:



Comi minhas nozes com passas, tomei um banhão, vesti umas roupas mais comportadas e, ironicamente, fui DE CARRO buscar o casal de violonistas no hotel em q estavam, a uns 2 ou 3 km dali! Tava faltando motorista e eu tava dando sopa lá com minha CNH empoeirada ! Deixei eles no teatro pra passar o som, voltamos pra casa e logo depois começou a apresentação. O altíssimo nível previsto, se confirmou:



BIS!!!



(pra quem ficou curioso: https://www.youtube.com/watch?v=CcsSPzr7ays )

Terminada a apresentação, não perdi oportunidade para o momento tiete!



Levei-os novamente ao hotel para trocarem de roupa, e fomos para um lugar chamado Curral Grill, onde entornei todas (a cachaça da noite chamava-se "O Segredo do Pastor")!!



Me disseram q eu saí de lá trançando as pernas , e inventando coreografias pras músicas da Paula Fernandes! Eu não lembro disso, calúnia !!!

Naturalmente trocamos de motorista pra levá-los ao hotel , e fui a com um grupinho a pé, pra casa. Lá engoli um bolo inteiro de cenoura, antes de ir repousar. Dormi dentro de uma barraca, q estava montadinha lá, dentro de casa mesmo hahahah! Só usei meu isolante térmico (aquele treco aluminizado pendurado na Berimbosa) e acordei com as galinhas! Aquela clássica noite de sono, de duas às 5 da manhã! A ressaca tava brava!!

Só a bike q estava bem:



E continuou atraindo a vontade da galera:



Acabei esperando bastante pra partir. Despachei de novo meu aluno num ônibus, quase 11 da manhã. Depois disso, saí em "excursão" pela cidade, com o pai do amigo meu (músico também, e apicultor). Cada esquina era uma parada pra conhecer alguém, mostrar a bicicleta e tal. Ele me flagrou algumas vezes:





Eu eu também flagrei a figura (achei essa foto massa demais!):



Depois, ao finalmente ir embora, ele me ensinou um caminho pra sair da cidade só pelo asfalto, evitando boa parte dos paralelepípedos. É também uma nova obra, uma avenida nova ainda inabitada, q eu não conhecia:



Mais adiante, tirei minha última foto do dia:



E voltei pedalando na maior ressaca! Em casa, minha mulher me esperava com a clássica lasanha de domingo, pós-pedal !

Esqueci de mencionar o total da pedalada, 74km na soma dos dois dias.

Abraços a todos,


Nino

74km também é a distância (ida e volta) para a cidade mais próxima da minha casa, que também já fiz várias vezes.
... e aproveitei e curti o som do casal! muito talento reunido, hein?
abraços

Cara, que privilégio! Esse Duo Siqueira Lima é demais! Ainda não tive o prazer de vê-los ao vivo; só vi no Instrumental SESC Brasil.

Eita inveja!!! 10!

Zero para o ponto de ônibus com assento antimendigo (é por isso que tem as barras, mas alguns conseguem deitar por dentro dos arcos, rsss) e pior que é tb antipessoas não esqueléticas,...

Abraços,...

xamã escreveu:

74km também é a distância (ida e volta) para a cidade mais próxima da minha casa, que também já fiz várias vezes.

O bom também é que, como tem várias maneiras de sair daqui de Itabira, tem uma boa margem de possibilidade de mudar a quilometragem. Esses 70 e poucos assim é o mais curto; aquele da semana passada eu fiz em 94 km. Tlvz dê pra fazer até em mais, por essa avenida nova de asfalto que conheci lá. Acho q o caminho por ela é um pouco mais longo.

xamã escreveu:

... e aproveitei e curti o som do casal! muito talento reunido, hein?

Eles são bons demais, e de uma simplicidade e leveza de espírito tremenda. Respiram os instrumentos da hora q acordam, até a hora q dormem. Uma vida de dedicação. O Fernando ficou curiosíssimo pra conhecer a bicicleta, mas só foi vê-la pelo facebook.

Mordaz escreveu:

Cara, que privilégio! Esse Duo Siqueira Lima é demais! Ainda não tive o prazer de vê-los ao vivo; só vi no Instrumental SESC Brasil.

Não sei qual o repertório dessa gravação do instrumental do Sesc; imagino q seja um repertório mais popular (acho q é o q mais atrai internacionalmente falando - música brasileira bem executada).

Eu também já os assisti num Sesc, o Sesc Vila Mariana - por sinal foi outra vez com locomoção pelas próprias pernas! Era 2008, eu morava em são paulo e recebi um amigo meu de BH, de visita (aquele pro qual eu fui pra formatura, pedalando a Berimbosa). Ele queria pq queria conhecer são paulo A PÉ, aí fomos andando desde pinheiros até o sesc vila mariana. Mais ou menos uns 9km de caminhada! Chegamos em cima da hora. Não era um show apenas dos Siqueira Lima, mas uma parceira com o Paulo Moura (clarinete), ainda vivo à época, com uns 74 ou 75 anos. Na verdade foi uma apresentação única (e foi lindo de chorar), não chegaram a repetir a parceria. O plano era um CD juntos, q acabou não saindo, e ele faleceu 2 anos depois.

Se o duo não existisse, cada um deles teria uma carreira solo de respeito, pois são grandes virtuoses, mas o encontro deles propiciou q se potencializassem os talentos: o Fernando é um baita arranjador, além de tocar violão de forma exímia, e a Cecília, putz, encara qualquer parada! Com mãos minúsculas! Ela só não parece menor nas fotos pq costuma usar um salto alto gigante (ou fica no banquinho, nas fotos de divulgação ou capa de cd), mas ela é miníma, provavelmente do tamanho da sua Leonor.

Marcus Del Mastro escreveu:

Zero para o ponto de ônibus com assento antimendigo (é por isso que tem as barras, mas alguns conseguem deitar por dentro dos arcos, rsss) e pior que é tb antipessoas não esqueléticas,...

Isso, é antimendigo! Não dá pra deitar naquela bagaça!! Não tinha pensado nisso! Ninguém merece...

Olá Nino
Não sabia que vc tem uma bicicleta feita pelo Klaus. Se bem que ... que reclinada vc não tem?!?! rs
Bom, Klaus passou a produzir comercialmente? Ou ele faz uma ou outra por encomenda?
Como sei que vc gosta de escrever, não vou me sentir abusando ao perguntar a como vc adquiriu essa bike, valor e tal.

Clebson Melo escreveu:

Olá Nino
Não sabia que vc tem uma bicicleta feita pelo Klaus. Se bem que ... que reclinada vc não tem?!?! rs
Bom, Klaus passou a produzir comercialmente? Ou ele faz uma ou outra por encomenda?
Como sei que vc gosta de escrever, não vou me sentir abusando ao perguntar a como vc adquiriu essa bike, valor e tal.

Fala, Clebson! Na verdade eu não adquiri a bike; pedi pro Klaus fazer, ele fez, eu mandei as peças, dpois fui lá buscar! Eu nunca vou conseguir 'pagar' o Klaus, apesar de dizer q está mais q pago, por me ver "faceiro" pedalando a Berimbosa.

A ideia dele há um bom tempo atrás era produzir, ao menos, semi-comercialmente, tanto q ele abriu uma empresa e tal, toda a burocracia, mas não sei em q pé está isso. Acaba q ele simplesmente faz uma ou outra, pelo prazer de fazer, nas horas vagas (e ele faz muuuita coisa nas horas vagas - acaba q as horas não ficam vagas!). Ele também tinha um projeto de fazer hand-cycles, como uma espécie de projeto social - tem vários quadros semi-prontos lá nas coisas dele, e acabou q não foi muito pra frente.

A minha completa 1 ano mês que vem, e foi a sétima bike de bambu q ele fez. Antes teve a MTB, uma "EXD", uma high-racer, a mid-racer, a do sérgio e a "zen", q foi pro marcelo do rj. Depois disso ele ainda fez uma nova pra ele e uma roda fixa. Pelo jeito essa do panda food será a décima, se eu não tiver perdido notícia de alguma nesse meio tempo.

A Berimbosa foi até a primeira reclinada q eu quis ter, e eu procurei o Klaus antes mesmo de falar com o Solyom. Acho q foi bem acertada a decisão de procurar o Davilson mesmo já tendo feito o pedido pro Klaus, pq a Explorer saiu rápido, e logo reclinei-me e já comecei a traçar minhas preferências, a ter meus desejos da bike assim ou assado, a refletir sobre as geometrias, enquanto a de bambu levou o "tempo" do Klaus pra sair - e nisso não estou dizendo q ele é 'lento' ou enrolado, e sim q ele tem um tempo muito próprio pra concluir as coisas e até pra ter vontade de concluir. Às vezes ele faz a coisa bem "na tora", mas em geral ele fica refletindo e refletindo, antes de tomar uma atitude na construção. Falo sobre isso com alguma naturalidade pois passei 3 dias com o Klaus lá em POA, dando os finalmentes na bike até altas horas da madruga e fizemos de tudo um pouco (opa, pera lá, nem tudo !)

Eu tinha vontade, fácil, de ter outra bike dele, mas HOJE isso seria uma coisa meio demais, pq a Berimbosa me atende perfeitamente, tanto q é a mais rodada e a q eu mais uso pros pedais longos. Se eu morasse em POA, o q eu teria vontade de fazer seria construir uma bike de bambu com a "consultoria" ou supervisão do Klaus, seja na casa dele ou na minha. Ainda penso em pedir pra ele uma oportunidade pra ficar mais uns dias em POA e usar de novo as horas livres dele pra construirmos algo juntos - nem precisava ser uma bike inteira, tlvz só um guidão, ou um molde pro assento, ou a parte principal do quadro, coisas assim. Depois eu iria ralando por aqui, usando a experiência adquirida pra brincar de fazer alguma coisa com isso, aqui, seja concluir uma nova bike ou fazer modificações na minha.

A roda-fixa q ele fez de bambu, foi meio assim, era pra uma amiga dele, lá, e toda uma galera ajudou o Klaus na confecção da bike: uma construção coletiva da bici, só com a orientação dele. Na verdade, estou falando essas coisas bem de bisbilhoteiro, só vi fotos deles construindo a bike e imagino q tenham terminado o quadro, mas não sei q fim teve a bamboo-fixa.

A conclusão é q, nesse mundo das bikes e reclis, só tive oportunidade de conhecer pessoas do caramba !! Acho q a gente não pode desperdiçar essas oportunidades, por isso meu carinho com o Klaus, minhas visitas incessantes à casa do Davilson, minhas consultas infinitas ao Roberto Mordaz, o troca-troca com o Marcus e por aí vai. Não esquento mais a cabeça de lambuzar minha cara de óleo de peroba, pra pedir alguma coisa pra esses caras (ou muitos outros, q não são aqui do nosso meio do recliforum), principalmente qndo a gente percebe a disposição dos indivíduos pra conviver conosco, com a "desculpa" do aprimoramento das pedaladas.

Abraços,


Nino

kkkkkkkkkkkk

Adorei a resposta!

Vc respondeu o que eu imaginei em relação ao Klaus. Quem sabe um dia eu mesmo irei a POA conhecer o Klaus e encomendar uma big bike de bambo feita por ele.

Grande abraço